segunda-feira, 28 de março de 2011

Godinho Lopes em entrevista no jornal "A Bola"

- Segundo me contaram, ficou muito surpreendido quando lhe disseram que tinha ganho. É verdade?
- Fiquei surpreendido, não porque achasse que não tinha mérito para ganhar, mas a contra-informação que circulava era noutro sentido.

- Não recebeu qualquer informação durante a contagem?
- Zero, zero. O meu delegado, que era o João Pedro Varandas, estava na mesa da contagem sem telemóvel. Recebia informação de onde? Entendo que a informação só poderia vir do presidente da mesa da Assembleia Geral. Só ele tinha os dados. Só dispus da contra-informação anunciada na comunicação social. Quando começa o anúncio, houve uma desmobilização das pessoas que estavam comigo e os resultados do Conselho Directivo até foram os últimos a serem dados.

- Então?
- Reparei que tínhamos ganho no Conselho Fiscal e no Conselho Leonino e perdido na Assembleia Geral. Portanto, percebi que afinal não havia uma hegemonia de resultados. Fiquei com uma certa expectativa. A única diferença que tive em relação aos outros candidatos é que a nossa equipa tinha desmobilizado. Fiquei satisfeito, como é óbvio, pois sou ganhador por natureza, mas foi uma surpresa face aos elementos anteriores que tinham sido divulgados.

- Cumpriu um sonho de vida?
- Sim. Desde muito miúdo que aprendi a gostar do Sporting e foi com Artur Agostinho que ouvi falar do Sporting. Tinha estado no lançamento do livro dele, Flashback. Esta vitória serve, também, para o homenagear.

- Disse que o Sporting ia mudar para ganhar. Essa mudança já começou?
- A mudança tem de ser gradual. É uma mudança radical, de forma de estar, princípios e métodos.

- Vai impor liderança forte?
- Claro. Cada um impõe a liderança que entende. Parece-me fundamental que haja uma liderança clara, inequívoca e forte. É aquilo que os adeptos precisam.

- Não teme que os resultados impeçam essa liderança forte?
- Isto é transitório. Não posso prometer que os resultados apareçam esta temporada, porque isso seria irresponsabilidade minha.

- A margem tangencial da vitória não vai condicionar o mandato?
- Não. Ganhei por essa margem como poderia ter perdido pela mesma e não seria por causa disso que não ajudaria o Sporting Clube de Portugal. A grande questão que aqui se coloca é que os candidatos sempre disseram que estão ali para servir o Sporting e não para se servir do Sporting. Portanto, agora é um momento de união.

- Como reage à pretensão da lista C de impugnar as eleições?
- O acto eleitoral terminou, não fui eu que me auto-elegi, foi a Assembleia Geral (AG) anterior que o fez e, portanto, é uma questão com a AG eleitoral anterior, não comigo.

- Esta impugnação não vai desestabilizar ainda mais o Sporting?
- Não, porque se as pessoas apresentarem a impugnação é porque encontraram fundamentação jurídica. Terão de ser os tribunais a decidir, não eu. O Sporting tem de seguir o seu rumo, tenho muito trabalho pela frente e é isso que me preocupa.

- A massa associativa está dividida...
- Penso que não existem duas facções. Durante a noite foram sendo dadas informações que, afinal, eram contra-informações. Isso gerou a desmobilização das outras listas e a mobilização da lista C. Ao verificar-se que, afinal, o resultado era diferente, no momento imediato, as pessoas podem ter sentido que foram enganadas. É um momento quente, que se vive, com sportinguistas de sangue quente e vontade de mudança. Respeito os excessos mas não concordo com eles. Não permitirei excessos. Os actos que servirem para mostrar indignação, desde que sejam feitos de forma correcta, parecem-me normais.

- Teme que face à escassa diferença, Bruno de Carvalho parta para uma oposição muito forte?
- Só será oposição se, por um lado, eu não souber tomar conta do barco e, portanto, não tiver capacidade para demonstrar a minha forma de trabalhar, de liderar e não houver resultados da mesma; e se, por outro, não houvesse (o que duvido) do lado de Bruno de Carvalho sportinguismo e vontade de servir o Sporting. Creio que tenho capacidade e também acredito no sportinguismo de Bruno de Carvalho. Estou convencido de que são actos normais nas eleições e que passam.

- Está da disposição de se encontrar com Bruno de Carvalho?
- Já o fiz na madrugada. Falei com o dr. Bruno de Carvalho e disse-lhe que gostaria de fazer o balanço e ver em que termos e moldes poderíamos colaborar.

Estará hoje na Academia

- Já trabalha no Sporting?
- Já hoje [ontem] mandei mensagens no sentido de convocar reuniões para todo o dia de amanhã [hoje], quer em Alvalade, quer num almoço de encerramento de campanha. Na parte da tarde, estarei na Academia.

- Vai falar aos jogadores?
- É algo a ver, porque, felizmente, há muitos jogadores que estão nas selecções e o melhor é esperar pela oportunidade de poder falar com todos. É uma questão a analisar com José Couceiro. Temos reuniões previstas para quarta e quinta-feira. A agenda vai-se pautando para servir o Sporting.

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